30 de janeiro de 2017

os meus cinco minutos # 8

Ontem, encontrei uma pessoa que foi muito importante para mim.
Olhámo-nos, incrédulas, e demos um abraço apertado que fez o tempo estreitar-se ali, até caber na algibeira.
Já não nos víamos há anos!
Não sei quantos, mas há anos.
Quando frequentei o décimo segundo ano, mudei de escola durante o ano letivo e acabei por perder matéria.
Então, os meus pais puseram-me numa explicação de Literatura Portuguesa.
Não sei como cheguei a este contacto, mas tive o privilégio de conhecer a professora Helena Aleluia. Era uma senhora muito nova que me ensinou muito do que sei ainda hoje. Posso mesmo dizer que me ensinou a escrever "a sério".
Quando somos mais novos, escrevemos e não pensamos bem na forma como estruturamos as ideias ou o texto...
Punha-me à frente provas de exame e, durante duas horas, escrevia sem parar, o mais rápido que podia, até me doer a mão.
O meu raciocínio fluía e a caneta tentava acompanhá-lo.
Se errasse, voltava a escrever novamente, sem erros; se não errasse, voltava a escrever, até ficar perfeito.
Depois, a professora Helena marcou-me, inquestionavelmente, a nível humano.
Conversávamos muito.
Aquelas duas horas passavam a voar!
Um dia, perguntou-me se a podia ajudar a fazer embrulhos.
Era quase Natal.
Juntas, embrulhámos imensos brinquedos.
Ia a um orfanato de rapazes oferecer os presentes e perguntou-me se queria acompanhá-la.
Sem pensar, disse imediatamente que sim.
Foi um  momento que me marcou bastante.
Chegámos ao orfanato, no Bom Sucesso, naquela altura do dia quando arrefece e se torna quase noite.
Um magote de cabecitas ávidas debicavam-nos, em bicos de pés, atentas, junto a um edifício escuro que mal se vislumbrava.
Eram crianças pequenas. E eram adolescentes, mais crescidos.
Correram até nós como o vento.
Mais até mim; não sei, talvez por ser mais nova.
Abraçaram-me e agarraram-me de tal forma que me aleijaram e tiveram de os afastar.
Depois, os mais pequenos começaram a abrir as prendas numa euforia desgraçada.
Ficaram tão felizes que todos os Natais de todos os anos pareciam ter entrado ali, por aquela portinha adentro!
Os mais velhos abriram os presentes mais tarde, quando acharam que já não tinha mal, pois UFA! não estava ninguém estava a vê-los.
Recordo-me, particularmente, de um menino pequenino.
Não sei que idade teria; talvez quatro, cinco anos.
Era tão pequenino!, agora que me lembro.
Sei que olhava para mim, nervoso, com uma felicidade tremenda que rasgava o silêncio entre nós.
Ria-se muito e repetia vezes e vezes até lhe perder a conta:
"Sabes, eu estou aqui, mas tenho mãe.
Ela vem cá ver-me, um dia.
Não sei quando, mas vem.
Não tem tempo.
Mas sabes, eu tenho mãe."
Obrigada, Professora Helena, por tudo; também por estas lembranças.

29 de janeiro de 2017

o sapatinho foi à rua # 387

As gravatas e os lenços têm ganho protagonismo nos desfiles das últimas estações e eu adoro esta tendência.
As calças curtas usam-se com loafers e dão um toque boyish a todo o look.
No que toca a meias, Prada ditou as regras para esta estação: losangos e mais losangos. 
Como não encontrei nada com este padrão na Calzedonia, comprei as minhas na Pé de Meia, em Aveiro. 
Acho-as o máximo. E vocês?
 Para o cabelo, inspirei-me nos desfiles da Prada primavera/ verão e recorri a um apanhado com risco ao lado com um frizete, como usava quando era miúda.
Bom domingo!




27 de janeiro de 2017

elizabeth arden

Quando a Andreia me ofereceu o creme reparador da Elizabeth Arden, fiquei em pulgas para experimentá-lo.
Juro.
Fiquei mesmo.
Além de ser louca por cremes, a Andreia disse-me que este era verdadeiramente espetacular e, claro, nem duvidei da palavra dela.
As melhores amigas são assim.
Isto já foi em outubro, no dia do meu aniversário, por isso vejam só, passou um ror de tempo!
Como já estava a usar outro creme, decidi acabá-lo e, apenas ontem à noite, abri a caixinha com estes dois malandrecos lá dentro.
Claro que estava entusiasmada.
Abri um dos frascos (são os dois iguais) e fiquei pasmada.
A cor é avermelhada e o creme é muito espesso, muito mesmo, a fazer lembrar vaselina.
Uma porção minúscula dá para espalhar pela cara toda e ficamos com uma camada de brilho considerável.
O cheiro era extremamente forte, mas achei que valia a pena o sacrifício e que hoje de manhã ninguém me reconheceria, ou, então, iriam jurar a pés juntos que eu tinha feito uma plástica ou duas, patati lololó.
Besuntei-me toda, portanto, e enfiei-me na cama, contente da vida.
Nisto, o homem chega a casa, deita-se na cama, encosta-se a mim e só ouço uma voz de verdadeiro desespero a gritar-me aos ouvidos:
AMOR, A TUA CARA CHEIRA A CHULÉ!!!
A chulé??!!!
Os homens são mesmo insensíveis!!!!!
Uma pessoa está ali, deitadinha, na cama, sem fazer mal a uma mosca, a esperar por eles, inocentemente e TAU! leva um balde de água fria em cima.
Desnaturados, é o que são!
A chulé????!!!!!!!
Podia ter dito que o cheiro do creme (não da cara!!!) era forte, estranho, duvidoso, sei lá!, mas dizer que cheirava a chulé??
Onde é que já se viu isto??!!
Elizabeth, adorei o creme. Parece ser eficaz e dá uma sensação incrível de conforto à pele, mas será que não podes fazer uma versão com um cheirinho um pouco mais agradável?
Acham que valeu a pena?

26 de janeiro de 2017

quero este look # 85

Cada vez me sinto mais apaixonada pelo estilo andrógino. 
Esta atitude boyish pode ser complementada com acessórios mais femininos, que ganham todo o protagonismo.
Adoro este look.
E vocês?

botins em pele, Zadig & Voltaire €315,00 (saldos)
calças em pele, Marciano, Guess €419,00
casaco leopardo, Topshop €68,00 (saldos)
t-shirt, Tiffosi €7,99 (saldos)
pelo amarelo falso, Fracomina €35,90 (saldos)
brincos Swarovski, €79,00
mala Redford Championship, Gola €25,00

25 de janeiro de 2017

prada

Embora esteja um frio de rachar, é sempre bom espreitar as novas coleções e ver o que há de novo por aí.
A Prada inspirou-se nos pijamas com um toque nipónico, nos padrões geométricos e florais, nos pormenores em pelo e nos cabelos irrepreensivelmente apanhados.
Azuis, vermelhos, amarelos, laranjas!
Adoro a nova coleção primavera/ verão da Prada. 
E vocês?



24 de janeiro de 2017

os meus cinco minutos # 7

Na semana passada, foi proposto a uma aluna minha do oitavo ano um trabalho de Português acerca de moda. 
Pediram-lhe que observasse imagens de personalidades da Corte Portuguesa dos séculos XVII e XVIII, nomeadamente, D. João IV (1604-1656), Maria I de Portugal (1734-1816) e Dona Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon (1775-1830), e, num texto expositivo, descrevesse a moda atual, tendo em conta o seguinte comentário:
"A partir do século XIX, o valor da qualidade das peças de roupa foi sendo, progressivamente, substituído pela importância da quantidade. Além disso, uma moda única foi ultrapassada pela aceitação de uma moda plural, independentemente dos estratos sociais e culturais."
Inicialmente, admito, fiquei surpresa por este tema - a moda -, aparentemente banal e destituído de qualquer interesse histórico, económico, social ou político, poder, eventualmente, ser discutido numa aula de Português. 
Mas reconsiderei em segundos e achei que fazia todo o sentido, pois a moda já não é estanque como era; 
vazia; 
oca; 
apenas para elites.
Obviamente que me passaram pela cabeça mil e uma ideias e formas de poder explorar este tópico, ainda para mais, agora, que terminei de ler o Courrier Internacional e pude refletir acerca do papel da mulher ao longo do tempo, do seu legado em determinadas áreas específicas, passando, inequivocamente, pelo universo da moda.
Apreciada e sublimada, sobretudo, após os Descobrimentos, com a importação de sedas do Oriente, a moda, enquanto fenómeno de catalogação de massas, destinava-se apenas à Corte e pouco mais.
Contudo, esta arte de rua, à semelhança dos adornos indígenas, foi evoluindo, metamorfoseando-se, enchendo-se do ego de cada um, plastificando-se, moldando-se e ganhando um papel algo preponderante na caracterização da nossa personalidade, num enquadramento social.
Muitas vezes associada a estados clínicos obsessivos, a moda descartável dita a relação que cada indivíduo mantém com a sociedade e com a gestão do dinheiro na alimentação de atitudes compulsivas.
Quer queiramos quer não, a moda acaba por nos definir, individualmente, enquanto seres pensantes. A nossa personalidade é refletida na roupa que usamos; ainda que refletamos uma imagem simples, de não-moda, ou não-comunicação; ainda que veiculemos a mensagem de desvalorização da aparência; esta é também uma mensagem.
Num mundo ávido de informação e em constante mutação, a moda segue, invariavelmente, as tendências do momento. 
Todavia, a importância da quantidade em detrimento da sua qualidade é cada vez mais notória. A moda torna-se, assim, precária e descartável, à semelhança dos valores perpetuados por uma sociedade volátil e insaciável. 
O acesso rápido e fácil à informação e às tendências, através das redes sociais e, nomeadamente, dos bloggers, faz com que tudo seja vivido ao segundo. 
Os desfiles de moda acontecem quase em direto e, por isso, a distância e os timings são esbatidos e o mundo tem vindo a tornar-se mais pequeno. 
Neste sentido, a variedade de escolha e a criatividade são, pois, francamente estimulados e os ícones de moda deixam de ser meia dúzia para serem centenas. 
Embora, de facto, muitas vezes, no mundo atual, a qualidade seja posta de parte relativamente à quantidade, na minha opinião, a moda nunca comunicou tanto e com tanta qualidade como agora. 

23 de janeiro de 2017

o sapatinho foi à rua # 386

Depois de um fim de semana de molho, em casa, com tosse até às orelhas, que não desejo a ninguém (malditas alergias, pá!), hoje, deu-me para sair em tons laranja, a aproveitar o sol fantástico e os reflexos dourados do meu cabelo.
Adorei misturar o padrão leopardo dos sapatos com as riscas em ziguezague do cachecol.
Continuo fã dos sapatos rasos, que dão com tudo e conseguem ter a mesma elegância dos saltos altos.





mal

Alguém quer muita tosse?

22 de janeiro de 2017

de quatro # 35

Estou completamente de quatro por este saco espetacular da Furla, agora, por 448 sapatinhos!
Adoro a cor, a textura, tudo!
Vivam os saldos!

21 de janeiro de 2017

está na berra # 44

Meninas, estão a ver este modelito de calças, com o elástico a passar por baixo dos sapatos, do tempo dos nossos pais ou avós ou whoever?
Pois bem, vai ser a nova estrela da próxima estação, primavera/ verão.
São feias? Horríveis, até? 
Repensem lá isso, pois, acreditem, vieram para ficar.
As malonas XXXXL, assim como quem vai à praça ao sábado de manhã e pensa enfiar meio quilo de babatas lá dentro, também estão ao rubro. 
P.S. - dedico este post à Lia que, assim que soube desta tendência, correu logo a avisar-me que o mundo estava perdido!

20 de janeiro de 2017

sapatinho fit... ou talvez não # 74

Hoje, fui levar a criança à escola e toca de aproveitar um tempinho de qualidade no parque de Aveiro.
Ainda pensei dar umas corridas, mas já não me mexo há tanto tempo, que esta possibilidade estava completamente fora de questão, se quisesse sair dali com saúde e com alguma dignidade, isto é, pelos meus próprios meios.
Então, peguei nos meus headphones (que já estão a ficar velhotes e precisam, urgentemente, de uns substitutos) e lá fui ouvindo a RFM, enquanto fiz apenas (sim, eu sei, a-p-e-n-a-s!!!) uma caminhadita.
Caramba, pá, vocês também não perdoam uma!
Uma pessoa tem a iniciativa de mexer uma palha e vocês acham sempre que é pouco!
Calma!
Dei 5 voltas ao parque, a ritmo acelerado.
No final, senti-me muito bem.
Não fiquei propriamente cansada, nem com o coração aos pulos.
Ou seja, após meia horita a dar à perna, ainda conseguia falar conscientemente e ser compreendida por qualquer ser humano sem qualquer dificuldade.
Claro que não me vou pôr à sombra da bananeira o tempo todo e dedicar-me, exclusivamente, a caminhadas, ok?
Penso retomar o meu ritmo de corridas-pareço-uma-lesma-a-arrastar-me, o quanto antes.
Sou ambiciosa, portanto.
O meu objetivo é fazer exercício diário.
Quem está comigo?

Com o frio, nem os patos se viam cá fora!

19 de janeiro de 2017

o sapatinho foi à rua # 385

Os dias continuam frios, frios, frios e apetece-me usar cores mais escuras e quentes.
Nestes dias, não dispenso um agasalho bom que me conforte.
Optei pelo preto em look total, ainda sem grande disposição para tons mais alegres.
As saias compridas usam-se cada vez mais, independentemente da ocasião e do estilo de cada um.
Brrrr...


18 de janeiro de 2017

os meus cinco minutos # 6

Na segunda feira, fomos assaltados.
Estou triste, revoltada e impotente.
Sinto um nó na garganta.
É quase impossível imaginar que alguém tenha entrado em nossa casa, tenha mexido nas nossas coisas, chocalhado o recheio das gavetas, dos armários, das estantes e deixado tudo em pantanas.
É horrível chegarmos a casa e vermos o chão amontoado de tudo e objetos caídos e partidos, e ter a noção, nesse exato instante, de termos sido assaltados.
Ficamos incrédulos e sem saber o que fazer.
O nosso cão que, sempre que chegamos, dá sinal e ladra e salta e chama por nós, desta vez, não está ali e não sabemos o que pensar ou o que sentir.
Não sabemos sequer se o assaltante ainda se encontra em casa.
Ficamos desorientados.
E, então, começamos a espreitar debaixo das camas e atrás das portas, para ver se está lá alguém escondido e suspiramos de alívio quando reparamos que, ali, naquele instante, naquela cama e atrás daquela porta não está lá ninguém.
Mas ainda faltam mais camas e muito mais portas.
Depois, temos de atravessar o corredor e percorrer as divisórias, uma a uma, palmilhá-las com o coração acelerado, a bater muito rápido.
Tão rápido que parece que vai saltar pela boca.
Mas não salta.
Então, chegamos ao nosso quarto e não parece o nosso quarto.
Encontramos uma pilha de roupa esventrada em cima da cama.
Caixas em cima da cama.
Bugigangas em cima da cama.
Pegadas de sapatos sujos em cima da cama.
Vernizes partidos no chão.
O guarda-fatos revirado e despido.
E as gavetas abertas.
Que estavam fechadas antes de sairmos de casa.
E agora estão abertas.
E faltam coisas lá.
Dá-nos um nó na garganta.
De repente, sentimos um movimento estranho na casa de banho e sentimos que está lá alguém.
Temos medo, mas, sem saber como, conseguimos arranjar forças e abrimos a porta.
Afinal, não é o assaltante.
Não, não é.
É o cão que trancaram ali e, graças a Deus, está bem.
É a cadela.
É a nossa Ippon.
Que está assustada.
Que treme por todos os lados e que se atira a nós, de contente.
Está feliz por nos ver e parece dizer "finalmente".
Realmente, é impossível descrever o que vimos e o que sentimos.
Precisava de desabafar isto convosco.

17 de janeiro de 2017

mini bags

As mini bags andam por aí. Embora queiramos levar o mundo às costas, com os nossos malões gigantescos, de vez em quando, apetece-nos flutuar pelas ruas, com uma mala leve, a tiracolo.
Elas usam-se coloridas e geométricas, texturizadas, metalizadas, com statements ou com formas caricatas. São ideais para começarmos um novo ano cheias de energia.
Ei-las aqui!

elephant striped leather shoulder bag, Loewe €990,00
floral small leather shoulder bag, Gucci €1350,00
mala a tiracolo de pele com acabamento de crocodilo, Massimo Dutti €99,95
mini bucket bag preto, Mansur Bavriel €350,00
mala tiracolo pretty kitty, Stradivarius €17,95
mini mala a tiracolo em forma de coração, Pull & Bear €15,99
mala pequena de pele metalizada, Bershka €19,99

16 de janeiro de 2017

aveiro no coração # 11

Aveiro tem muitas ruas, mas tem uma com nome de mulher.
É a rua do Palhuça, que quem é de Aveiro sabe que aquele sempre foi o restaurante de referência para a nossa rica caldeirada de enguias.
Simone de Beauvoir, precursora da chamada "segunda vaga" feminista, disse, um dia, que "uma pessoa não nasce mulher, torna-se mulher". Esta frase faz parte da sua obra marcante Segundo Sexo que se debruça nos estudos de género, reforçando a diferença entre sexo e género e salientando a ideia de que a identidade da mulher é construída ao longo do tempo.
Assim aconteceu com Antónia Rodrigues ou, como ficou conhecida, a heroína de Mazagão.
Nascida entre 1560 e 1562, era filha de Simão Rodrigues, marinheiro, e de Leonor Dias, mulher e, sendo só mulher, não tinha profissão.
Dizia-se que era muito bonita e cheia de vida.
Por motivos financeiros, por volta dos dez ou quinze anos, foi viver para Lisboa, para casa de um irmão. Para ela, as lides de casa a que o irmão a obrigava eram um tormento e começaram as discussões e os maus tratos. Certo dia, vestiu um fato de marujo e, assim disfarçada de rapaz, correu para a Praça da Ribeira, para tentar desembarcar nalgum barco que por aí estivesse fundeado. Quando lá chegou, deparou-se com uma caravela atracada, carregada de trigo, cujo destino era Mazagão.
Mazagão era uma das praças mais importantes do Norte de África, situada junto da costa de Marrocos, fortificada pelos portugueses, que desempenhou papel preponderante, durante o século XVI.
Sob o nome de António Rodrigues, acabou por ser contratada como grumete da caravela.
Em abril, deixou o país.
António desempenhava os trabalhos a bordo de forma irrepreensível.
Cumpria todas as ordens com grande agilidade e aguardava-o, certamente, um futuro promissor na marinha portuguesa.
Mal desembarcou em Mazagão, dirigiu-se ao capitão da Fortaleza e pediu-lhe que o deixasse apresentar praça como soldado.
E assim aconteceu.
De imediato se habituou ao manejo das armas e aos exercícios da vida militar e rapidamente se distinguiu, novamente, pelo seu valor.
Um dia em que se encontrava de sentinela, António ouviu um rumor de vozes e passos longínquos. Suspeitou logo que os marroquinos se preparavam para deitar fogo às searas que rodeavam a fortaleza. Foi, então, bater à porta do capitão, pedindo-lhe que o deixasse sair ao encontro do inimigo. O capitão, admirado com tamanha coragem, deixou-o partir, comandando alguns camaradas por ele escolhidos. Conseguiram, assim, surpreender os mouros que foram vencidos, ainda que em número superior.
António passou a ser um herói.
Daí em diante, fazia parte de todas as missões arriscadas.
Ao fim de dois anos de serviço, o governador decidiu mandá-lo assentar praça como cavaleiro, dando-lhe soldo e mantimento conforme a sua nova condição. E, enquanto cavaleiro, António voltou a destacar-se. Montava admiravelmente e a sua bela figura contribuía para a sua fama de homem educado e de nobres sentimentos. Posto isto, não demorou a despontar grandes paixões. Para dar mais credibilidade ao seu disfarce, correspondia a uma ou a outra rapariga.
Todavia, foi quando a filha de D. Diogo de Mendonça, um dos principais cavaleiros da praça de Mazagão, se apaixonou por ele que a sua condição se tornou melindrosa. Só quando o pai lhe ofereceu a filha em casamento, tomou consciência da gravidade da situação e teve de contar toda a verdade. Depois de ter sido censurada pelo governador, este mandou-a vestir roupas apropriadas e enviou-a para casa de uma família, naquela mesma praça.
Ao saber-se da história em Mazagão, todos a quiseram cumprimentar pela valentia demonstrada e até as donzelas enganadas que lhe ofereceram a sua amizade.
Antónia acabou por casar com um cavaleiro que se encontrava em serviço em Mazagão. Pouco tempo depois, voltou a Portugal, onde a esperavam honras e distinções. Filipe II, que então reinava, quis conhecê-la pessoalmente e galardoou-a pelos seus serviços. Mais tarde, acabou por tomar um filho de Antónia como moço da sua câmara real.
Enquanto mulher, nunca mais se ouviu falar de Antónia.
Enquanto aveirense e enquanto mulher, sinto orgulho de conhecer a sua história.

Amo Aveiro!

15 de janeiro de 2017

courrier

O Courrier de janeiro abre as portas ao novo ano com uma edição especial dedicada às mulheres e à sua luta incessante por um lugar na história.
Assim, a capa deste mês é o desenho de uma mulher em jeito de super heroína e o conteúdo é, como sempre, fantástico.
Se puderem, deem uma olhadela a este número, ainda que na diagonal, que não se vão arrepender.
Muitas vezes, a história é escrita por anónimos ou pessoas das quais nos esquecemos e dela fazem parte, seguramente,  as mulheres.
As mulheres e os homens são diferentes e, infelizmente, a conquista de direitos por parte do sexo feminino ainda tem muito para andar.
Por isso, sim, deve haver um dia dedicado a nós, pelo menos, por enquanto. Pelo menos enquanto recebermos um salário inferior ao dos homens, ou tivermos menos direitos, seja aqui, seja no outro lado do mundo.
Se repararem,  a maior parte das vezes, os relatos de acontecimentos passados centram-se em reis, heróis e generais, mas esquecem-se de nomes que fizeram a diferença, como Joana d'Arc, Madame Curie, ou Sarla Thakral, kathrine Switzer e Annie Lumpkins.
As mulheres portuguesas têm também o seu destaque na história do país e do mundo, seja Agustina Bessa Luís, Sophia de Mello Breyner, Josefa de Óbidos ou até mesmo a grande Antónia Rodrigues, de Aveiro, que desconfio que muitos aveirenses ou, atrevo-me, a grande maioria desconheça (e da qual irei falar no próximo post).
Aqui, no Sapatinho, Mulher escreve-se com um "M" maiúsculo.
Dedico este post a todas as mulheres que lutam para merecer o seu lugar na história e na sociedade.

14 de janeiro de 2017

o sapatinho foi à rua # 384

Embora tenha sempre trabalho ao fim de semana, ossos do ofício, já se sabe, acabo por andar bem mais descontraída.
O pequeno-almoço dura sempre um bom bocado e sabe bem melhor.
Não abro mão das minhas torradas com manteiga e do meu abatanado pingado, a escaldar, para me dar alento nestes dias mais frios.
Hoje, o look foi confortável. 
Tenho usado mais vezes saltos rasos, para o trabalho e não só.
O lenço com a flor, que improvisei com uma pregadeira que tinha à mão, dá um twist giro ao outfit.



13 de janeiro de 2017

seleção

O meu desafio foi, desta vez, fazer uma seleção muito meticulosa de sapatinhos giros e cheios de estilo da nossa Seaside.
A escolha criteriosa baseou-se em modelos práticos e sofisticados, para um dia-a-dia muito atribulado.
O budget dá para todos os bolsos.
Amo!

sapato alto metalizado €22,99
sapato desportivo €22,99
loafers pretos €19,99
sapato raso dourado €24,95
botim de pele com salto €44,50

12 de janeiro de 2017

óculos

Adoro cada vez mais óculos de sol.
Para mim, são mais do que um acessório de moda.
São um bem essencial, sinónimo  de conforto, mesmo para os dias mais acinzentados, sem o sol a bater-nos à bruta.
Meti o olho nestes cat-eye da Gucci, no Net-a-Porter, e, pergunto-vos, existe coisinha mais fofa?
Existe?
530 sapatinhos e não se fala mais nisso!

11 de janeiro de 2017

frescas e boas # 26

Meninas, que todas já tinhamos ouvido falar da Essie, a principal marca profissional de unhas nos Estados Unidos da América, isso não é novidade, agora, que  tinha novidades fresquíssimas para todas nós, isso já é outra história.
Inspirada no mundo da moda e da alta costura, a Essie criou Gel Couture, a nova gama de vernizes que está a revolucionar o conceito dos vernizes de looooonga duração.
Mais do que uma cor de alta performance, Gel Couture tem uma durabilidade luxuosa e um fantástico efeito gel até 12 dias.
Eu já experimentei o spool me over, o flashed e o bubbles only, e sou fã incondicional.
O melhor é que sinto as unhas fortes e saudáveis, ao contrário de quando usava verniz gel ou unhas de gel.
as corzinhas todas que queremos tanto experimentar... tipo... já!
Impecáveis!
dica: aplicar um topcoat em casa para durar um pouco mais e prolongar o brilho!

10 de janeiro de 2017

botins brancos

Esta é uma tendência que tem vindo a arrepiar caminho, destemidamente, e chega a 2017 mais forte do que nunca.
Os botins brancos atribuem ao visual um forte twist moderno, fresco e muito clean.
Podem ser usados com gangas, vestidos. you name it.
Estes giraços, de pele, são da Zara e custam só €39,99, em saldos.
Tentem agarrá-los!



9 de janeiro de 2017

o sapatinho foi à rua # 383

Este sol deixa-nos bem-dispostas e puxa umas caminhadas, não puxa?
Este foi o look de ontem.
Optei pelo branco gélido e pelo cardigan verde.
Os botins brancos modernizam todo o outfit e são a nova aposta deste inverno. 







8 de janeiro de 2017

aveiro no coração # 10

Amadeu de Sousa, acarinhado poeta local, diz que, de todos os santos de Aveiro, desta terra e deste céu, São Gonçalinho é o mais cagaréu. 
Para quem não sabe, esta é, sem dúvida, a festa mais típica, mais castiça e mais genuína do bairro da Beira-Mar, onde nasci. 
São Gonçalinho é o nosso santo casamenteiro, mas trata também as mazelas dos ossos e outras aflições, com orações, em jeito de quadras rimadas. 
Esta devoção faz parte da tradição da nossa cidade e culmina com o arremesso devoto das cavacas, uns simpáticos bolos rijos, feitos à base de claras, açúcar e farinha, em sinal de promessa, do alto da torre sineira da capela para a multidão frenética, que tenta apanhá-las com guarda-chuvas, abertos em cova, redes de pesca, ou nassas. 
A simbólica entrega dos ramos, a dança dos mancos, em alta noite, os grandes concertos e o magnífico fogo-de-artifício são vividos ao rubro, com emoção e sentimento. 
A cidade de Aveiro ganha outra vida. 
As ruas apinham-se de gente, as bancas de bolos encostam-se umas às outras, os balões coloridos fazem brilhar os olhos dos garotos e os carros atropelam as artérias da cidade. 
Há luzes, cor e folia. 
Ontem, não perdemos o concerto dos Amor Electro, com a "grande" Marisa Liz. 
Adorei o novo single, Sei, curiosamente gravado na capital da Art Noveau
Bem, saltei que me fartei, cantei de olhos fechados e assistimos ao fogo de artifício. 
Aveiro é lindo!