26 de julho de 2013
Época da caça aos professores
Chama-se Prova de Avaliação de Conhecimentos, Capacidades e Competências.
Chama-se assim, mas este nome pomposo não passa de um embuste cratoriano óbvio (passo a expressão) para criar mais
barreiras aos professores e para servir de desculpa a um profissão cancerígena
que está, há anos, a dar o berro!! O grupo parlamentar do PSD apresentou, em
2008, no Parlamento, uma proposta de resolução idêntica (considerada injusta,
na altura) e, curiosamente, cinco anos mais tarde, o ministro da educação Nuno
Crato propõe agora aos sindicatos um inovador modelo de prova com
características muito semelhantes (descubram as diferenças!). Afinal,
expliquem-me!, este é um problema de falta de consenso entre políticos ou uma
tentativa de melhoria da profissão docente? Fica assim a ligeira impressão de
que os responsáveis pelo MEC têm
memória curta ou, então, não
sabem ao certo o que andam por aí a fazer…mas enfim!
Ora bem, não há dúvidas que
este exame é duvidoso e traz, certamente, água no bico. Esta pedra no sapato
avalia, entre outros, a capacidade dos candidatos para resolver problemas em
domínios não disciplinares (e isto é o quê, ao certo???) e uma componente
específica em função da área disciplinar (até aqui tudo bem, embora me pareça
uma avaliação um tanto ou quanto redundante…).
É contraditório professores com
dez anos de profissão terem de fazer uma prova de acesso… à própria profissão!
Já não bastava o seu desempenho ser avaliado anualmente, ainda têm de fazer
mais exames que incidem gravosamente sobre a sua profissão e tirar o mínimo de
14 valores para poderem dar aulas. É uma forma de triagem despropositada que
serve o propósito único e malicioso de excluir números logo ali à partida.
TAU!!
Pelos vistos, a prova tem o
objetivo de verificar à lupa o domínio de conhecimento, capacidades e
competências fundamentais para o exercício da função docente. Alto lá! Mas isso
já não foi supostamente feito na Universidade???? Estes anos todos de
investimento podem agora ser postos em causa, em apenas duas horas, por um
exame inventado à pressão com conteúdos pouco fiáveis e intenções partidárias
ambíguas? MEDO!!! É certo, como em todas as áreas, que há profissionais bons,
assim-assim, maus e aqueles de bradar aos céus, mas será este exame a fórmula
mágica para peneirar os professores incompetentes que andam por aí a minar o
ensino e que todos, certamente, já tivemos de gramar, um dia? Ou será mais uma
maçã envenenada para fazer adormecer a classe docente, (in)felizmente, para
todo o sempre?
Acho que aqui a questão não é
propriamente a seleção de bons e maus professores, mas sim uma medida política
do género pescadinha-de-rabo-na-boca que lança o alerta vermelho aos
professores, em geral. Se aplicassem esta medida a todas as profissões
(nomeadamente aos políticos), provavelmente, ficaríamos com a pulga atrás da
orelha, independentemente do nível de competência de cada um. É compreensível
temermos o desconhecido quando as fontes são incertas.
As patranhas que inventam para
dizerem a Portugal que os professores licenciados afinal, AFINAL não tinham
TANTOS conhecimentos, assim, como se julgava!! Meus senhores, por favor, peço a
vossa atenção!, passo a informar que descobrimos agora mesmo, há coisa de cinco
minutos, que os professores, ao fim e ao cabo, não andam a ter um
aproveitamento escolar brilhante a esta altura do campeonato. O melhor, melhor,
será mesmo dar-lhes uma bolinha vermelha, escrever-lhes um recado para casa na
caderneta e espremê-los ao máximo para ver se saem do ensino de livre e
espontânea vontade, sem fazerem grande alarido e, de preferência, sem darem
grandes dores de cabeça ao Nuno!!
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