Ontem foi A
IDA À FEIRA DE MARÇO! Tinha de ser! Percebem? O MESMO todos os anos, mas tinha
mesmo de ser! Um sol radiante, um calor DAQUELES, uma vontade estúpida de não
fazer nada!! Uma fila enorme para comprar os bilhetes e, finalmente: PUM! lá
dentro!!
MAS foi
quando entrámos no pavilhão das farturas que a magia aconteceu. Juro que se
tivesse fechado os olhos teria uns 5 ou 6 anos! Juro, juro, juro! Aquele cheiro
que, na altura, era enjoativo e húmido, a óleo e a canela, agora lembrava
aqueles tempos dos escudos – 100 escudos uma volta, 100 escudos as pipocas, 100
escudos o pão com chouriço, 100 escudos para entrar na sala dos espelhos; como
era giro entrar na sala dos espelhos (que roubalheira que era para nos vermos
distorcidos, apre!); eu gorda; eu baixa; eu com a cabeça do tamanho de uma ervilha!;
100 escudos quase-tudo-porque-se-fosse-mais-caro-não-se-comprava-de-certeza.
Mas ainda no
pavilhão das farturas: como detestava Sumol!! e, desta vez, TIVE de pedir
Sumol, mas não tinham e deram-me Frisumo, que eu prefiro mil vezes, mas TINHA
de ser Sumol apenas porque tinha, e não havia. Pronto! Não havia, não havia! Nada
a fazer…
Ainda com os tais 5 ou 6 anos!
Ainda com os tais 5 ou 6 anos!
Os sapatos
com poeira.
Os adultos
que se fartavam de conversar e nunca mais se despachavam! Que tempos para tudo!
Caramba! Os adultos arranjavam sempre conversa e tinham de estar sentados e
parados uma eternidade e comiam e bebiam (sempre Magos, recordo-me; recordo-me
claramente que era Magos; aquelas garrafinhas pequeninas que se sumiam enquanto
o diabo esfrega um olho; mais uma, por favor!!!) e nunca mais se despachavam!
Os sapatos
com poeira.
Saíamos das
farturas. Depois, os carrinhos de choque, as buzinas dos carrinhos de choque!!,
as pipocas, o cheiro a algodão doce, as roletas das rifas que saem sempre (as
pedinchices vá-lá-mãe-vá-lá-mãe, aos pulos)!! Aquele dar-à-perna que nem sequer
passear é, mas que sabe tão bem. As colheres de pau e os tachos, as cuecas e as
meias, os cãezitos que fazem bau-bau e giram incessantemente à volta deles
próprios (na altura, eram os pássaros de madeira pintada que levávamos por um
pau e que batiam as asas, uma contra a outra, como se não houvesse amanhã).
A avó bem
dizia que recordar é viver…
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