14 de abril de 2013

Feira de março: recordar é viver

Ontem foi A IDA À FEIRA DE MARÇO! Tinha de ser! Percebem? O MESMO todos os anos, mas tinha mesmo de ser! Um sol radiante, um calor DAQUELES, uma vontade estúpida de não fazer nada!! Uma fila enorme para comprar os bilhetes e, finalmente: PUM! lá dentro!!
MAS foi quando entrámos no pavilhão das farturas que a magia aconteceu. Juro que se tivesse fechado os olhos teria uns 5 ou 6 anos! Juro, juro, juro! Aquele cheiro que, na altura, era enjoativo e húmido, a óleo e a canela, agora lembrava aqueles tempos dos escudos – 100 escudos uma volta, 100 escudos as pipocas, 100 escudos o pão com chouriço, 100 escudos para entrar na sala dos espelhos; como era giro entrar na sala dos espelhos (que roubalheira que era para nos vermos distorcidos, apre!); eu gorda; eu baixa; eu com a cabeça do tamanho de uma ervilha!; 100 escudos quase-tudo-porque-se-fosse-mais-caro-não-se-comprava-de-certeza.
Mas ainda no pavilhão das farturas: como detestava Sumol!! e, desta vez, TIVE de pedir Sumol, mas não tinham e deram-me Frisumo, que eu prefiro mil vezes, mas TINHA de ser Sumol apenas porque tinha, e não havia. Pronto! Não havia, não havia! Nada a fazer…
           Ainda com os tais 5 ou 6 anos!
Os sapatos com poeira.
Os adultos que se fartavam de conversar e nunca mais se despachavam! Que tempos para tudo! Caramba! Os adultos arranjavam sempre conversa e tinham de estar sentados e parados uma eternidade e comiam e bebiam (sempre Magos, recordo-me; recordo-me claramente que era Magos; aquelas garrafinhas pequeninas que se sumiam enquanto o diabo esfrega um olho; mais uma, por favor!!!) e nunca mais se despachavam!
Os sapatos com poeira.
Saíamos das farturas. Depois, os carrinhos de choque, as buzinas dos carrinhos de choque!!, as pipocas, o cheiro a algodão doce, as roletas das rifas que saem sempre (as pedinchices vá-lá-mãe-vá-lá-mãe, aos pulos)!! Aquele dar-à-perna que nem sequer passear é, mas que sabe tão bem. As colheres de pau e os tachos, as cuecas e as meias, os cãezitos que fazem bau-bau e giram incessantemente à volta deles próprios (na altura, eram os pássaros de madeira pintada que levávamos por um pau e que batiam as asas, uma contra a outra, como se não houvesse amanhã).
A avó bem dizia que recordar é viver…

 http://modanosapatinho.blogspot.pt/

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