O Mosteiro da Batalha faz parte do Património Mundial da UNESCO e é certo que a Lenda da Abóbada integra, invariavelmente, o nosso património imaterial e onírico.
A importância da defesa do que é nacional é aqui corroborada, já que a edificação do Mosteiro da Batalha, nomeadamente da abóbada, é, senão, a construção de uma epopeia, desta vez, terrestre e não marítima. Logo, Os Lusíadas, de Luís de Camões, representam a gesta dos Descobrimentos num plano mítico e grandiloquente, assim como A Abóbada, de Alexandre Herculano, encerra em si o espírito epopeico de cruzada: a materialização do Império Português. Vasco da Gama será o herói individual da primeira obra, representante de todo um saber, sendo que o cego, de aspeto venerável e pensativo, sentado “sobre um troço de fuste”, será, inequívoca e inevitavelmente, o herói da segunda. O velho Afonso Domingues, que lutou ao lado de el-rei na bendita batalha, de ânimo rico de alto imaginar, mergulhado em meditações profundas, de maçãs do rosto elevadas e o perfil do rosto quase perpendicular, simbolizando o espírito inabalável, será, pois, o desbravador dos mares e de adamastores e de mestres Ouguets.
Claro que o povo português continua a ser o herói coletivo, nobre e lutador, competente, disposto a morrer de forma exacerbada por aquilo em que acredita, desafiando tudo e todos, o próprio destino, com um sentimentalismo romântico que o levará para além do mundo terreno, em Naus a haver.
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