30 de julho de 2017

porto

Ainda no outro dia estava a dizer aos meus alunos que não gosto do Porto. 
Lamento ter chocado alguém.
Não gosto, pronto! 
Já disse.
Desculpem-me lá a sinceridade, mas ela vive em mim e espreguiça-se, sobeja!, e rasteja e come-me viva; a sinceridade.
Em comparação com Lisboa, o Porto é obviamente mais sujo, mais escuro, mais esquivo e mais decadente. 
Sempre o vi assim. 
A minha irmã João estudou lá, na Universidade Lusíada, há que tempos, e lembro-me perfeitamente de irmos de comboio para a Invicta; naqueles que paravam em todas as estações e apeadeiros, que se engasgavam e lá conseguiam apanhar o ritmo para o perder, de novo, mais à frente, indecisos.  
Lembro-me do rosto escuro, extenuante e envelhecido das pessoas que se arrastavam em massa, das esquinas soturnas que nos vigiavam de mãos pousadas no rosto, atentas!, dos prédios sombrios e taciturnos que se esticavam no ar e pouco nos deixavam de céu. 
Ainda há pouco tempo o disse aos meus alunos, abertamente, que não gosto do Porto e, logo no dia seguinte, tive de lá ir com o Nuno e o destino pregou-me uma partida daquelas.
Foi estranho. 
Juro-vos.
Foi tão estranho quando saímos da estação de comboios e desembocámos na cidade.
Tantas vezes desemboquei na mesma cidade, que lhes perdi a conta.
Era apenas mais uma. 
Mas, agora, parecia que algo tinha mudado; não sei se a cidade, se eu, pois, nesse dia, apenas nesse dia!, algo tinha renascido. 
O céu crescia azul e brilhante e dava risadas valentes, de nariz afiado ao ar.
Os prédios rugiam e vibravam e respiravam, inquietos. 
Nesse dia, posso dizer-vos que amei o Porto pela primeira vez. 
Amei-o do fundo do coração e apetecia-me chorar de tanto o querer.
Este é o Porto que eu vi pela primeira vez e queria partilhá-lo convosco para poderem amá-lo também.
A visita à Lello foi incontornável.
E as férias continuam, aqui e além, interrompidas pelos cursos intensivos de Inglês que ainda não terminaram. 
Vamos falando.
Entretanto, partilhem os vossos dias connosco.

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