2 de abril de 2017

tedxoporto # 2

Por que motivo decidi ir ao TEDxOporto?
Primeiro, porque fui convidada por uma grande amiga que é uma pessoa muito especial.
Segundo, porque adoro este tipo de iniciativa.
Terceiro, porque vim à procura de inspiração, novas ideias e pensamentos.
Acredito no poder das ideias para mudar o mundo e a descoberta de novas experiências e a interação, de uma forma geral, levam-nos a isso mesmo.
É precisamente este trabalhar em conjunto que nos faz viver em sociedade e funcionar em sociedade, de forma incrivelmente humana.
E foi com esse calor humano que o TEDxOporto foi encetado, quando o Norberto Amaral pediu que todos na plateia nos levantássemos e déssemos um abraço a alguém. Um abraço em que a parte esquerda do nosso corpo, do lado do coração, tocasse na parte esquerda do corpo da pessoa ao nosso lado e os nossos corações estivessem mais próximos.
De facto, depois de um ou dois abraços, o evento ganhou mais cor, mais energia e mais empatia.
Os oradores foram incríveis, todos eles, uns mais do que outros, consoante os nossos interesses, naturalmente, e sinto que aprendi e cresci imenso, em apenas algumas horas. Será possível?
Por exemplo, com a astrobióloga Zita Martins aprendi que os meteoritos são máquinas do tempo compostas por moléculas orgânicas extraterrestres, que revelam a nossa existência na Terra há milhões de anos. São pistas sobre a origem da vida. Aprendi também que os cometas cheiram. E cheiram a ovos podres e amêndoas amargas. Sabiam?
Com Julia Shaw, professora no Departamento de Direito e Ciências Sociais da London South Bank University, apercebi-me de que o nosso passado é uma história e que podemos, eventualmente, não ser aquilo que pensamos que somos. Apercebi-me, ainda, de que todos os dias acordamos e somos uma pessoa diferente, pois o nosso cérebro muda diariamente. Na realidade, vivemos uma simulação e a nossa mente prega-nos, de facto, partidas. O que é, então, a realidade?
Com o orador Jorge Rosado, Doutor Palhaço @Palhaços D'Opital, refleti que devemos valorizar os mais velhos e ter tempo para eles. Ter tempo para a nossa família. Ter tempo para ouvir música (por que não Freddy Mercury? que seja...) e, simplesmente, dançar.
A oradora Luana Cunha Ferreira, Psicóloga Clínica, discutiu o delicado e polémico tema da infidelidade que é senão um escape à pessoa em que nos tornámos numa determinada relação. A traição é, então, um alarme para essa necessidade de mudança. Nesse sentido, deve repensar-se a relação e rever que cedências perdemos com ela. Mas nunca ninguém disse que é fácil...
Um dos meus oradores preferidos foi, indubitavelmente, Pedro Santos Guerreiro, Diretor do Expresso, que nos falou do otimismo, do pessimismo e do possibilitismo. Falou-nos das redes sociais e do perigo do pensamento único. Falou-nos da importância da inspiração e da estratégia e deu como exemplo a Batalha de Azincourt, em 1415, entre ingleses e franceses. Os primeiros ganharam, ainda que em minoria, devido a essas duas condicionantes, precisamente a inspiração e a estratégia. Foi nesta batalha que, segundo uma eventual lenda ou invenção posterior, os franceses se gabaram da sua superioridade numérica e ameaçaram os arqueiros. Disseram que lhes cortariam o dedo do meio, fundamental para armar o arco. Quando os franceses foram feitos prisioneiros, os ingleses mostraram-lhes o dedo do meio intacto, portanto. Esse gesto deu origem ao atual gesto obsceno de "mostrar o dedo". Esclarecidos?
A inspiradora Jacqueline McGlade, Diretora de Ciências do Ambiente das Nações Unidas, comentou as inquietantes alterações climáticas. Alertou-nos para as mudanças alarmantes que têm vindo a ocorrer um pouco por todo o mundo, nomeadamente, no Artático, como é o caso do recente e inédito aparecimento de moscas num sítio onde não era suposto existir moscas. Referiu que, no Kuweit, os termómetros já atingiram os cinquenta e quatro graus celsius e alertou-nos para a enxurrada de inundações e secas que têm assolado todo o mundo. Com ela, aprendi que a palavra "eu" não existe, mas sim a palavra "nós". Só assim tudo funciona à nossa volta.
Felipe Pathé Duarte, Professor/ Investigador na Universidade Autónoma de Lisboa, falou-nos de terrorismo, da morte e das consequentes reações. Falou na confiança e na fé e na hesitação. Por um lado, a confiança é a base das sociedades abertas, por outro, a disseminação da violência gera medo e fecha as comunidades. Então, gera-se um ciclo. O ciclo da punição, desestabilização, polarização da sociedade, ressentimento, radicalização e violência. Neste ciclo é evidente uma maior possibilidade de rutura e a alteração das dinâmicas do poder político. O medo condiciona-nos e as sociedades terroristas saem vencedoras. Neste âmbito, citou-nos, empolgantemente, um excerto do "Poema pouco original do medo", de Alexandre O'Neil, que mais tarde partilharei convosco.
E esta foi a primeira parte do TEDxOporto, durante a manhã.
Claro que palavras não chegam para descrever esta iniciativa ímpar, por isso, voltarei com mais detalhes, informação e emoção.
Olhem nós os três, tão lindos!

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