Hoje, o meu corpo queixa-se, piegas!
As costas chiam.
Os ombros chiam.
O pescoço chia.
Trrrrrrrrr...
As costas.
As costas são um relógio, daqueles de corda, que vai roendo o espaço e a corda, e parece desabar.
É sexta-feira.
As sextas-feiras são dias complicados.
Difíceis até!
São corropios e corre-corres.
São refeições à carreira.
São pesos de livros e de capas. E mais livros e mais capas.
São o corpo vertido a jorrar sobre as secretárias. Aqui. Agora ali. Agora aqui e ali, aqui e ali. Agora, além e acolá.
São os diz-que-disse, o burburinho que nasce, cresce e grita com gritos.
Afinal, as costas são as raízes do corpo. Ficam duras. Cristalizam. Eriçam-se como gatos e pedem colo.
Uma caneca fumegante de chá espera por mim na banca da cozinha.
Solitária.
...
...
Parece chamar as gatas que se dão e entregam e ondulam para mim.
A sexta-feira não parece passar por elas, não.
São amigas, elas!, parvas, egoístas, arrogantes! Encostam-se, roçam-se e olham-me, olham-me!para se roçarem também em mim, de certeza, mas não alinho.
Não contem comigo.
Não me meto com sextas-feiras.
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