Ultimamente, sapinhos,
tenho sentido no pelo uma grande crise existencial.
Juro-vos!
Isto tudo por
causa… do meu nome.
Claro que o issue vem de trás, muito antes aqui da je nascer.
Uma longa
história…
Têm tempo?
Então aqui
vai!
Quando a minha
mãe ficou de esperanças, virou-se para a minha avó Manuela e disse-lhe
Mãe, se tiver
uma menina, faço questão que tenha o seu nome
Por acaso,
nasceu uma menina e a minha mãe virou-se para a minha avó e disse
Oh, mãe,
decidi pôr o nome Maria João à minha filha, para ter o nome João, como o pai,
mas, para a próxima, se tiver uma menina, vai ter o seu nome
E assim foi.
A minha mãe
voltou a ficar de esperanças e lá veio outra menina.
Oh, mãe, não
foi desta que dei o seu nome à minha filha Como a Maria João quer que a irmã
tenha o nome da amiga, vou fazer a vontade à miúda e vamos ter uma Renata
Claro que a
minha mãe já não pensava sequer em ter mais filhos.
Longe disso!
Duas já eram
uma multidão!
Então, PENSOU
que tinha fechado as portas ao aumento da natalidade.
Mas não.
Um dia, quando
menos esperava…
TAU
lá descobriu
que estava grávida… outra vez!!!
OH, MÃE, SE
TIVER UMA MENINA VAI TER O SEU NOME
(acredito que este
tenha sido um ato de desespero)
Não fosse o
diabo tecê-las, deu-me o nome Manuela.
O estranho no
meio disto tudo é que os meus pais NUNCA na vida, nem uma vez!!!, me chamaram
Manuela.
Nem quando eu
fazia das minhas e tinham de me assertar o passo.
Não, nem
assim.
Nunca.
Ora, entrei na
pré e nunca ninguém me chamou Manuela.
Fui para a
escola primária e nunca ninguém me chamou Manuela.
Depois
seguiu-se o Liceu e nunca ninguém me chamou Manuela
Quando entrei
na Universidade, como os professores, lá, nem sabem que existimos, nunca
ninguém me chamou Manuela.
Quando
comecei a trabalhar, nunca ninguém me
chamou Manuela.
Ora, só para
terem a noção da coisa, à exceção de meia dúzia de pessoas que mal me conhecem,
só o homem me chama Manuela.
Aliás, para
que conste, o homem chama-me amor, fofinha, princesa e essas palavras assim para o parolo, pois nós somos lamechas,
ponto final, mas quando se refere a mim, diz A Manuela bla-bla-bla… a Manuela
pi-pi-pi… a Manuela, a Manuela…
O que soa
estranho, como podem imaginar!
Recentemente,
no trabalho, há outra Manuela e começo a ficar meio confusa.
Quando lhe
chamam Manuela, eu estico o pescoço todo e penso que é para mim…
Quando me
chamam Mané, parece que me falta qualquer coisa…
Pensem comigo
Manuela é, de
facto, um nome feminino
Não vamos mais
longe, no anúncio do sutiã da Intimissimi aparece o nome Manuela coladinho a
uma gaja podre de boa.
É verdade ou é
mentira?
É verdade,
pois, que eu não ando aqui a enganar ninguém!
Agora,
imaginem só que, em vez de aparecer no anúncio o nome Manuela, aparecia o nome Mané.
Estava mal!!!
Não era sexy,
não senhor.
Era piroso.
Ou seja,
Manuela é (pelo menos para mim) um nome lindíssimo e Mané é um nome assim mais
para o unissexo, tu-cá-tu-lá, que tira o formalismo todo à coisa.
Mas sempre me
chamaram Mané, o que faz desse nome a minha identidade, certo?
Mas o meu nome
é Manuela!
Então em que
ficamos? Perguntam vocês e muito bem
Não faço
ideia!!!!
Por que razão
é que os meus pais NUNCA me chamaram Manuela? Às tantas, eles próprios não
gostam do nome Manuela.
Para bom
entendedor, meia palavra basta.
Foi uma
promessa tola, tipo um isola, cara!!!
Mais nenê, não!!!
Tenho-me
sentido baralhada, como quando alguém deixa o país e não se sente nem português nem
coisa nenhuma, sabem?
A minha amiga
Andreia disse-me que, quando está na Holanda, se sente portuguesa e, quando vem
a Portugal, se sente um pouco à parte, como se não pertencesse nem a um sítio,
nem a outro.
Comigo talvez
seja assim também
Quando me
chamam Mané, sinto-me um pouco Manuela; mas quando me chamam Manuela, sinto que
falta uma parte de mim!
I feel like shit!
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