14 de agosto de 2015

mané ou manuela?

Ultimamente, sapinhos, tenho sentido no pelo uma grande crise existencial.
Juro-vos!
Isto tudo por causa… do meu nome.
Claro que o issue vem de trás, muito antes aqui da je nascer.
Uma longa história…
Têm tempo?
Então aqui vai!
Quando a minha mãe ficou de esperanças, virou-se para a minha avó Manuela e disse-lhe
Mãe, se tiver uma menina, faço questão que tenha o seu nome
Por acaso, nasceu uma menina e a minha mãe virou-se para a minha avó e disse
Oh, mãe, decidi pôr o nome Maria João à minha filha, para ter o nome João, como o pai, mas, para a próxima, se tiver uma menina, vai ter o seu nome
E assim foi.
A minha mãe voltou a ficar de esperanças e lá veio outra menina.
Oh, mãe, não foi desta que dei o seu nome à minha filha Como a Maria João quer que a irmã tenha o nome da amiga, vou fazer a vontade à miúda e vamos ter uma Renata
Claro que a minha mãe já não pensava sequer em ter mais filhos.
Longe disso!
Duas já eram uma multidão!
Então, PENSOU que tinha fechado as portas ao aumento da natalidade.
Mas não.
Um dia, quando menos esperava…
TAU
lá descobriu que estava grávida… outra vez!!!
OH, MÃE, SE TIVER UMA MENINA VAI TER O SEU NOME
(acredito que este tenha sido um ato de desespero)
Não fosse o diabo tecê-las, deu-me o nome Manuela.
O estranho no meio disto tudo é que os meus pais NUNCA na vida, nem uma vez!!!, me chamaram Manuela.
Nem quando eu fazia das minhas e tinham de me assertar o passo.
Não, nem assim.
Nunca.
Ora, entrei na pré e nunca ninguém me chamou Manuela.
Fui para a escola primária e nunca ninguém me chamou Manuela.
Depois seguiu-se o Liceu e nunca ninguém me chamou Manuela
Quando entrei na Universidade, como os professores, lá, nem sabem que existimos, nunca ninguém me chamou Manuela.
Quando comecei  a trabalhar, nunca ninguém me chamou Manuela.
Ora, só para terem a noção da coisa, à exceção de meia dúzia de pessoas que mal me conhecem, só o homem me chama Manuela.
Aliás, para que conste, o homem chama-me amor, fofinha, princesa e essas palavras assim para o parolo, pois nós somos lamechas, ponto final, mas quando se refere a mim, diz A Manuela bla-bla-bla… a Manuela pi-pi-pi… a Manuela, a Manuela…
O que soa estranho, como podem imaginar!
Recentemente, no trabalho, há outra Manuela e começo a ficar meio confusa.
Quando lhe chamam Manuela, eu estico o pescoço todo e penso que é para mim…
Quando me chamam Mané, parece que me falta qualquer coisa…
Pensem comigo
Manuela é, de facto, um nome feminino
Não vamos mais longe, no anúncio do sutiã da Intimissimi aparece o nome Manuela coladinho a uma gaja podre de boa.
É verdade ou é mentira? 
 É verdade, pois, que eu não ando aqui a enganar ninguém!
Agora, imaginem só que, em vez de aparecer no anúncio o nome Manuela, aparecia o nome Mané.
Estava mal!!!
Não era sexy, não senhor.
Era piroso.
Ou seja, Manuela é (pelo menos para mim) um nome lindíssimo e Mané é um nome assim mais para o unissexo, tu-cá-tu-lá, que tira o formalismo todo à coisa.
Mas sempre me chamaram Mané, o que faz desse nome a minha identidade, certo?
Mas o meu nome é Manuela!
Então em que ficamos? Perguntam vocês e muito bem
Não faço ideia!!!!
Por que razão é que os meus pais NUNCA me chamaram Manuela? Às tantas, eles próprios não gostam do nome Manuela.
Para bom entendedor, meia palavra basta.
Foi uma promessa tola, tipo um isola, cara!!! Mais nenê, não!!!
Tenho-me sentido baralhada, como quando alguém deixa o país e não se sente nem português nem coisa nenhuma, sabem?
A minha amiga Andreia disse-me que, quando está na Holanda, se sente portuguesa e, quando vem a Portugal, se sente um pouco à parte, como se não pertencesse nem a um sítio, nem a outro.
Comigo talvez seja assim também
Quando me chamam Mané, sinto-me um pouco Manuela; mas quando me chamam Manuela, sinto que falta uma parte de mim!
I feel like shit!

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