Ontem à noite, sexta-feira, era dia de Judo. Normalmente, os treinos acabam por volta das
21h e janta-se mais tarde, cá por casa. Eram 21h10 quando telefonei ao Nuno e
nada. Passados 2 minutos, liga-me de volta:
- Estou a 5
minutos de casa.
- Okay.
Estou a aquecer a sopa. O treino correu bem? (enquanto enfiava a sopa no micro-ondas
e girava o botão…)
- Sim,
correu; hoje não treinei; ainda tenho dores…
- Sabes, estava
mesmo a apetecer-me algo doce… Uma tripa de chocolate… UMA TRIPA DE CHOCOLATE!!
- És cá uma
gulosa!
Conversa
aqui, conversa ali e no FINAL do telefonema.
- Demoras
muito?
- Não. Estou
só a 5 minutos de casa.
FREEZE! REWIND!
Foi aqui que fiquei com a pulga atrás da orelha. No início do telefonema estava
a 5 minutos de casa e agora CONTINUA a 5 minutos de casa? – pensei.
- Mas,
então, onde estás?
- Na rotunda
perto do hospital…
-
Ainda????!!
- Sim,
estive a fazer inversão de marcha…
Este tempo
todo?? – pensei. Os homens e as manobras…
Okay.
Xauzinho. Adoro-te. Beijinho. E desligámos o telemóvel, Mas ele não vinha. Não
chegava. Era a 1ª vez que se atrasava, mas nós sabemos bem como os homens são.
Uma desculpa esfarrapada e, de repente, já não os conseguimos segurar mais
(sim, estou a ser um pouco melodramática…). De qualquer das formas, um percurso
que deveria demorar cerca de 10 minutos estava a tornar-se uma eternidade. Bufei pr’aí 500 000
vezes e ele MESMO ASSIM não chegava. Era capaz de o matar se o visse pela frente. Às 9h40, toca a campainha. Toca uma vez. Toca duas vezes. Toca
três vezes. E eu a bufar e a estrebuchar entre dentes. É preciso ter lata. Vem
tarde e ainda a tocar desta maneira. É preciso ter lata e já ia a bulir até à porta. Vi a cara dele no vídeo-porteiro
e ainda a bufar. Abri as 2 portas e caminhei para o quarto. Fechei a
porta do quarto à BRUTA para ele saber que eu estava mal-disposta. É preciso ter lata. Ele chama-me, bem-disposto –
Amorzinho 1. Amorzinho 2. Amorzinho 3. Eu nada. Não lhe respondi para ter noção
do que tinha feito. É assim. Ponto final. Amorzinho?
Sim! – respondi num tom diz-lá-estou-ocupada-nem-te-posso-ver-pela-frente.
Mas, não sei
se foi o meu sexto sentido ou o meu bom-senso, ou a vozinha tão meiga e
desapercebida do género queridinha-és-tão-linda-o-que-se-passa-que-te-amo-tanto!!
O meu SIM
tornou-se num siiiiimmm?
- Fui
buscar-te uma tripa de chocolate…
O quê?????
MERD..!! O homem fez um desvio e tanto para satisfazer os meus caprichos,
cansado, soado, cheio de dores e, provavelmente, cheio de fome e eu com 4
pedras na mão!!! Que vergonha, Manuela, isso não se faz!! Um homem assim até
desanima!! E agora???
Para disfarçar, entrei na cozinha de
nariz empinado, como se não fosse nada comigo; não podia dar a mão à palmatória
ou então aí ele sairia com os louros. Jantei à pressa – a comida custava a
escorregar – então, amorzinho? Não estás zangado comigo, pois não? – Não.
Assim que
pus a tripa à boca:
- Então,
está a saber-te bem? – os homens têm um sentido de oportunidade incrível, MILIMÉTRICO, devo dizer. Sorri e continuei a comer. – És terrível! – pois é, há
dias que correm menos bem… Para a próxima é melhor conter-me.
A tripa só pode ser: ZÉ DA TRIPA!!!
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