A igualdade de género no Judo no âmbito da comemorando do 40º aniversário do 1º Campeonato do Mundo Feminino, acompanhando as iniciativas da FIJ e as ações da Comissão de Mulheres & Desporto do Comité Olímpico
Não
há dúvida de que o preconceito e a igualdade de género andam de mãos dadas.
Existem, invariavelmente, padrões estereotipados relativamente a ambos os
géneros e, mais especificamente, no que toca à prática de modalidades
desportivas. É tão claro como água que é suposto os meninos gostarem de luta e
as meninas gostarem de ballet. Na realidade, Billy Elliots há muitos e, num desporto como o Judo, acredito mesmo
que o preconceito tende mais para o género masculino do que para o género
feminino. Se uma rapariga gostar de Judo, é fixe; todavia, se um rapaz gostar
de ballett já é um cabo dos trabalhos e aí a história é outra.
Verificamos,
então, que há expectativas inerentes e castradoras que nos acompanham desde
sempre, existindo mecanismos sociais de codificações previamente definidos
antes mesmo de nascermos. Comprovamos um inegável ênfase crescente do cor de
rosa para as meninas e do azul para os meninos. Sentimo-nos assoberbados com
roupa, brinquedos, postais de aniversário ou mesmo papel de embrulho com cores
distintas consoante o género. As diferenças existem. E ainda bem. Apenas cabe a todos respeitá-las.
Encontramos,
inegavelmente, situações de disparidade no seio da sociedade e no desporto,
sobretudo, no desporto que move massas e que lida com salários discrepantes. No
plano dos dados concretos, em relação ao Judo, não encontro situações ainda que
ténues de desigualdade. Acredito que os treinos são organizados de forma
a contemplar a abordagem de algumas vertentes do Judo que se coadunam com a
condição feminina das atletas. Além do mais, os treinadores parecem-me
preparados para a especificidade da mulher/rapariga atleta e penso que, na
progressão traduzida nas graduações, existe o cuidado de tratar de igual forma os
jovens praticantes nos acessos às etapas superiores.
Devido ao número reduzido de
atletas femininas, os treinos são, frequentemente, mistos. Assim, muitas vezes,
no tatami, o trabalho é realizado com grupos ecléticos, o que não me parece
algo necessariamente negativo; antes pelo contrário, poderá ser um privilégio e
uma vantagem treinar com alguém eventualmente mais forte, do género masculino. Se
os treinadores devem treinar rapazes e as treinadoras treinar as raparigas? Esta
não me parece uma questão válida ou pertinente para o desenvolvimento do Judo
em geral. Não me parece também que a
indumentária das árbitras seja algo tão decisivo no que concerne à igualdade de
género; ter outras opções que atendam a um visual não masculino não me parece
incontornável. A indumentária segue toda uma tradição e isso nada tem que ver
com preconceito.
Acredito, sim, que se justificam
os incentivos específicos ou formas de acompanhamento peculiares para que
jovens raparigas em fase de crescimento mantenham a sua relação com a
modalidade e ultrapassem as barreiras que as afastam do desporto e do Judo em
particular. Na minha opinião, atletas femininas afetas a projetos olímpicos e
às seleções nacionais poderiam envolver-se com a comunidade e quebrar o tabu do
Judo feminino que assenta na ideia de que esta modalidade se destina unicamente
a rapazes.
Julgo
que o preconceito está encerrado dentro de cada um de nós e, realmente, não consigo encontrar o preconceito no Judo, de
uma forma geral e sistemática, enquanto bicho-papão. Sobretudo no Judo. Esta é
uma modalidade que prima pelo respeito e pelos valores a si inerentes, tais
como a amizade, a honra ou a cortesia.
No
Judo, os balneários são diferentes para cada género. Esta é das poucas diferenças
válidas que encontro no Judo. Não vamos criar macaquinhos no sótão, certo?
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