Às segundas-feiras, dou aulas na Palhaça.
Ontem foi o caso.
Aquela zona tinha sido severamente molestada pelos fogos na madrugada anterior.
Por isso, fui a medo.
Com receio.
Como todos os portugueses que, ultimamente, se aventuram pelas nossas estradas.
As estradas da morte.
Já não havia fogos, mas também já não havia espaços verdes.
Nenhuns.
Havia fumo.
Muito fumo e custava respirar.
As pessoas, cá fora, na estrada, falavam umas com as outras.
Os meus alunos estavam cansados e os pais não tinham dormido.
Tinham estado a apagar fogos perto das suas casas durante horas.
Para não perderam tudo.
Senti-me triste.
Impotente.
Indignada.
Perplexa, pois achava que não iríamos ouvir falar deste assunto tão cedo.
Que era outubro e bastava ser outubro, para não haver mais fogos.
Gostava de conseguir segurar o mundo na mão e soprar-lhe em cima e acabar com os fogos para sempre, pois não há desculpa nenhuma para alguém poder morrer assim.
Não há.
Será que este inferno vai continuar?
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