19 de setembro de 2017

leitura em dia # 18

O último livro que li nas férias foi o genial The uncommon reader de Alan Bennett.
Na realidade, não o li.
Devorei-o.
Devorei-o num só dia.
A história é fantástica e até me identifiquei com a personagem principal, a rainha de Inglaterra em pessoa.
Certo dia, a rainha encontrou uma biblioteca ambulante nas imediações do palácio e descobriu o prazer da leitura.
A sua vida e a dos que a rodeavam mudou a partir daquele momento.
Passou a preocupar-se mais com os outros e tinha a necessidade de recuperar o tempo perdido e ler incansavelmente.
Claro que a rainha não contava que o seu entusiasmo pela leitura a desviasse de todos os seus compromissos.
Ficava absorvida pela leitura e desleixava-se de tudo o resto.
Tudo passou a entediá-la.
Quando saía à rua no seu coche, para premiar as multidões com acenos aristocráticos, não conseguia parar de ler. Era necessário alguma perícia para conseguir fazer as duas tarefas ao mesmo tempo, mas a rainha estava à altura desse desafio.
Havia alturas em que desejava nunca ter aberto um livro, mas era tarde demais.
Um dia, começou a escrever e a pôr os seus pensamentos em papel.
Não queria apenas ser uma leitora, um mero espectador que assiste ao desenrolar da ação.
Sempre que estava a escrever, estava a "fazer" algo.
Sentia que esse era o seu dever e sempre foi muito boa a cumprir os seus deveres.
No dia em que fez oitenta anos, deu uma festa no palácio e convidou muita gente.
Comentou, então, que tinha vontade de escrever.
Por vezes, a escrita poderia desviar a atenção dos poderes da realeza e houve escritores que tiveram mesmo de abdicar do trono para fazê-lo.
Oh, did I not say that? But... Why do you think you're all here?
E assim terminou a história.

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