É-o e sempre o foi.
Põe e dispõe e nós corremos atrás dele, do pau, rebolamos, deitamo-nos, ladramos, fazemos exatamente aquilo que nos pede.
E mais uma vez foi assim.
Foi assim em Pedrógão Grande.
Foi assim com dezenas de homens, mulheres e crianças que foram irremediavelmente ficando por lá.
E magoa o peito só de pensar nisso.
Dá-nos um nó na garganta, pois dá, e as lágrimas maceram-nos os olhos.
Dói.
Não são os meus, são os outros, mas... por acaso, somente por acaso, pois o tempo assim o quis e nós obedecemos.
É difícil não nos imaginarmos ali, perdidos, no meio do fumo e das cinzas e do fogo.
Uma vontade enorme de gritar e tentar arranjar forças sabe-se lá onde.
Tentar salvar os nossos e perder tudo.
Que perder uma casa é sangue e suor, mas perder a família, o marido ou um filho é matarem-nos a nós e, ao mesmo tempo, continuarmos a sofrer.
O país está de luto e sinto-me de luto também.
É tramado ficarmos, ao longe, à distância, a saber que outros sofrem.
No entanto, Portugal não dorme.
Portugal não tem rebolado nem ladrado nem o raio que o parta.
Portugal tem arregaçado as mangas e tem tentado ajudar com tudo o que está ao seu alcance.
Desde domingo que tenho recebido imensas mensagens por Facebook e SMS a pedir que ajudemos junto dos bombeiros, da Cáritas ou através de doações.
Um cêntimo faz a diferença.
Por favor, vamos ajudar, pois juntos fazemos melhor.
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