3 de outubro de 2014

és bonito(a)?

Estamos numa sociedade em que o poder da beleza ultrapassa os valores mais simplistas da moral e da cidadania.
As crianças devoram Violettas, Shake it ups e outras séries do mesmo calibre, em que é habitual responderem mal aos pais e se preocuparem mais com a beleza e com a moda do que com outra coisa qualquer.
Para mais, as crianças e adolescentes têm um acesso ordinariamente fácil a Facebooks, ou a Casas dos Segredos, em que o sonho das pirralhas-todas é serem famosas, lindas e perfeitas, num mundo cor-de-rosa-dos-lalalás, e encontrarem homens ricos e bonitos, de preferência, jogadores de futebol e de várias seleções (quantos mais, melhor)!
Só!
Na realidade, a beleza interior pouco importa para o caso. Não importa se gostam de conversar, se são meigos, simpáticos, inteligentes, sensíveis, fiéis, honestos, trabalhadores ou se têm sentido de humor…
Ná! Nicles batatoides! Zero!
O que importa mesmo é que sejam podres-de-ricos, bons-como-o-caraças, com músculos desde a pontinha dos pés até ao cerebrozito (se não houver cérebro, que se lixe; mais cérebro, menos cérebro…), e que tenham tatuagens; bué de tatuagens (atenção que não tenho nada contra tatuagens); mesmo que não saibam falar. Aliás, não saber falar, às tantas, ainda é uma virtude! Assim não chateiam e acredito que a relação vá de vento em popa!
E trucas!!
São estes os valores que passam para as crianças e adolescentes: a futilidade, a ignorância, a falta de cultura, de massa cinzenta e de formação.
Às páginas tantas, até me sinto um E.T.!
Quando tenho um(a) amigo(a), não estou ali com uma régua e com um esquadro a medir o nariz, a quantidade de pneus, ou a largura dos ombros, por exemplo. Um(a) amigo(a) pode muito bem ser gordo(a) ou lingrinhas; pode ter apenas 1 perna ou não ter nenhuma; pode ter 1 mama ou 2 ou 3, que isso não é minimamente importante!
Ensino isso ao meu filho todos os dias; que o importante não é a beleza exterior, mas sim o que vem de dentro.
E tu? És fútil? Então não és meu amigo!



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