Sexta-feira à noite foi noite de tcham! tcham! tcham! GAIOLA DOURADA! Ou
seja, há duas noites atrás tive a oportunidade de degustar aquele que é já o filme mais visto
em Portugal, desde o início do ano (atenção: não pôr no mesmo saco do
Velocidade Furiosa 5, pois é um insulto à sensatez, ao bom-gosto e à
profundidade intelectual do ser humano, em geral).
O realizador lusodescendente, Ruben Alves, criou esta longa-metragem
cativante (nomeada, e bem, para o European Film Awards), protagonizada por Rita
Blanco (que eu adoro incondicionalmente: podia estar muda o filme todo ou a
fazer o pino, que eu ia adorar à mesma) e o magnífico e espetacular Joaquim de
Almeida.
A GAIOLA começou, finalmente!, com uma vista I-N-C-R-Í-V-E-L sobre Paris e
uma banda sonora estilo Amélie, mas com a assinatura de Rodrigo Leão (ou seja:
tudo para dar certo), mas um pouco ao engano, pois de França havia, unicamente,
o espaço e a linguagem com um sotaque propositadamente débil e, no mínimo,
hilariante (un peau estilu au portugais de Portugal, parce que la laguage
represente aussi un obstacle au emigración). Todo o filme é tipicamente português,
português, português até dizer chega!
A GAIOLA retrata um casal de emigrantes portugueses em França, nos anos 60
e 70. É uma história verdadeira e apaixonante que mostra, basicamente, clichés,
exageros, referências, preconceito, hábitos e uma rotina monótona e entediante,
fiel à emigração naquela altura (daí o ritmo lento e apropriadíssimo da própria
ação, em que não se passa grande coisa, mas que nos atrai pela caricatura em
si, pelas asneirolas que se vão dizendo, pelas marmitas com o farnel “à
portuguesa”, pelos bacalhaus, pela cerveja... pelo fado!).
Mas o que tem este filme de tão extraordinário para acionar esta corrida
desenfreada às bilheteiras? Antes de mais, a curiosidade de ver um filme que,
por acaso, até fala sobre nós, os portugueses, e que retrata uma realidade (a
emigração) que era comum há 50 anos atrás e que, nos dias de hoje, é, cada vez,
mais uma luz ao fundo do túnel para muitos. Intemporal, portanto! É um filme
com o qual meio Portugal se identifica e é uma inspiração (ou não) para quem
pensa em emigrar! Tem a ver com suor e sacrifício e brio e com a imagem que os
portugueses deixam no exterior: de humildade, disponibilidade, amabilidade,
profissionalismo e competência. Se voltarmos ao historiador Eduardo Lourenço,
relembramos que somos um povo de “brandos costumes” e Ruben Alves conseguiu
passar essa imagem na perfeição. Obrigada, Ruben!
A GAIOLA DOURADA dá voz aos hábitos portugueses e consegue pôr uma plateia
inteira a rir até chorar apenas com os nossos costumes tão típicos e elevados
ao extremo, mas com os quais todos nos identificamos, de uma forma ou de outra.
O filme terminou com um bacalhau de papel escondido debaixo de uma das cadeiras
do cinema, mesmo ao meu lado, debaixo da cadeira da Tânia (sim, tu, Tânia, sei
que me estás a ler!!). O bacalhau oferecia um bilhete de cinema para rever a
GAIOLA DOURADA ou para oferecer o bilhete a quem (a Tânia) bem
entender!!!
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