Sempre ouvi dizer que o cabelo É a moldura do rosto. Claro que com estas
palavrinhas muito sugestivas, o cabelo ganha logo à partida um lugar de
destaque no enquadramento total que é a nossa imagem final. Até aqui tudo bem,
mas há sempre o expoente máximo que leva até à exaustão estes dizeres antigos,
por vezes interpretados demasiado à letra, esticados e maltratados a nosso belo
prazer. Passo a explicar.
Tenho assistido por aí, muito de
perto, a AUTÊNTICAS novelas mexicanas de bradar aos céus. Miuditas assim de
cabelo assustadoramente-comprido-tipo-splash!-a-sereia (sinónimo de pirosada) a
viverem um tormento que mete dó. Ora bem, as miúdas, que são 70% cabelo, 30%
criança andam todas desgrenhadas (não ficam bem!!) assim meio que para o
selvagem, longe do conceito basilar de civilização e com um desconhecimento
PROFUNDO do objeto útil e artístico que poderá ser a tesoura (para os que não
sabem: instrumento cortante, formado de duas lâminas que se movem em torno de
um eixo comum).
Para cúmulo, no banho, além de usarem litradas e litradas de champô e creme
amaciador em doses industriais, ficam MESMO ASSIM com os cabelos cheios –
repito: cheios - de nós!! Que suplício! Pois claro, já se estava mesmo a ver! E
então o filme continua (imaginem agora a música do “Psycho” em crescendo): as
crianças a chorar, a escova a encravar e os pais a assistirem a este filme de
terror impávidos e serenos como se não fosse nada com eles. Desculpem lá, mas
mete-me impressão. Caramba. Mete mesmo! Além de que não é minimamente prático
ou estético!
Ponto um: se são os pais a quererem
este cabelo TODO-assim-meio-que-para-o-gigante-tipo-troféu (já disse que era
pirosada, não já?), então por que não deixam eles crescer o cabelo (e depois
provam do próprio veneno)? Acho que era muito bem feito. Era suposto ouvirmos
agora uma gargalhada maléfica!!! do género: Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Ponto dois: se o capricho é mesmo da
criançada (que tem o desejo supremo de encarnar uma personagem fictícia assim
como que entre o abominável homem das neves e a personagem delirante e
out-of-reality dos “Entrançados”), já o outro dizia: as crianças não mandam!
Pontos de vista!
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