O ministro da educação Nuno Crato descobriu, há uns dias atrás,
que existe, de facto, uma relação muito estreita entre a má alimentação e os
resultados escolares. O Programa Escolar de Reforço Alimentar (PERA), que
detetou mais de 10 mil alunos com carências alimentares nas escolas, já deu os
seus frutos nos 387 agrupamentos que contaram com este apoio no balanço do
primeiro ano no terreno. A sondagem revela que 50% dos alunos apoiados melhorou
o aproveitamento escolar, 42% melhorou o comportamento e 79% passou de
ano.
O ministro da educação descobriu agora que um aluno mal alimentado
não tem bons resultados na escola? Muito bem! Eu não sou ministra de nada e
já sei isso há séculos!! MEDO!!! Ora bem, passo a explicar a lógica da batata:
se há uma taxa de desemprego altíssima em Portugal, logo, há crianças a passar
fome, logo, há alunos a passar fome, logo, há maus resultados escolares.
Normalmente, as coisas funcionam assim. O que é que esperavam? Claro que se
pensarmos um bocadinho mais, também é fácil de perceber que a má alimentação
conduz à irritabilidade, à frustração e à violência. O ser humano é complexo,
caramba!
Lamento informar, mas o Nuno fez uma descoberta tardia. Acredito que todos os
portugueses, sobretudo aqueles que andam por aí a passar fome, já tenham
descoberto isso há algum tempo. Agora que o Nuno descobriu o óbvio, boa, Nuno!,
a solução passa mesmo por descobrir também que é necessário reduzir o número de
alunos por turma, ter mais funcionárias a vigiar o perímetro escolar e acabar
com o desemprego nas famílias. Aí sim, é que o Nuno vai ficar surpreendido
quando os resultados escolares atingirem níveis espetaculares. Depois, meus
senhores, E SÓ DEPOIS é que os políticos deveriam preocupar-se em pagar as
dívidas que eles próprios fizeram. Pontos de vista!
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