Sempre que olho para as fotos das cheias em Veneza, penso que a vida deveria ser assim. Perante as adversidades, é importante continuar a viver e a acreditar e a sonhar. Um dia de cada vez, como se nada fosse. Sim, temos um elefante na sala; é óbvio, mas vamos lidar com isso da melhor maneira possível.
24 de novembro de 2021
21 de novembro de 2021
sapatinho fit... ou talvez não # 89
Pela primeira vez na vida, posso dizer que estou fi-nal-men-te a gostar de fazer uma atividade desportiva, o que é algo entusiasmante e estranho ao mesmo tempo. Mais ao menos como descobrir aos 45 anos que, às páginas tantas, até gostamos de favas e só nos apercebemos há coisa de 5 minutitos.
Desisti do ginásio (há 500 mil anos) e tinha-me metido nas corridas. Já fazia 10 a 13 km limpinhos três vezes por semana. Entretanto, com tanto trabalho, deixei a corrida para trás. Depois, o meu joelho não me permitiu correr mais. Ou caminhar.
Houve fisioterapia pelo meio e um ano de paragem drástica.
Em setembro, decidi voltar a fazer algo, embora estivesse consideravelmente limitada a nível de musculatura e não só. Então, por motivos óbvios e altamente pragmáticos, decidi fazer natação. Quem me conhece sabe que esta modalidade não é nova para mim. Feitas as contas, este é, basicamente, o desporto que fiz durante mais tempo em toda a minha existência. Talvez 5 ou 7 anos de natação, com muitas faltas pelo meio e desculpas e mais faltas.
Tantos anos de prática! Deves ser uma besta na água!, estão vocês a pensar. Mas não. Desenganem-se, meus senhores. Não sou propriamente, o Michael Phelps da Gafanha, nem nada do género...
(Tenho vergonha de ser aveirense, de adorar a minha cidade e de não termos piscinas municipais em Aveiro. Divido-me entre Ílhavo e Gafanha da Nazaré, mas, adiante...)
Em setembro fui à piscina pela primeira vez.
O primeiro dia foi sofrido. Fiz 6 piscinas (25 metros x 6) como quem carrega um saco de batatas às costas ao pé coxinho e a fazer o pino ao mesmo tempo (praticamente impossível, eu sei). Custaram-me mais as 6 piscinas do que ter um filho sem epidural... mais coisa, menos coisa. Um inferno. Lá como o outro diz, como passar as cataratas do Niagara de bicicleta.
Quando disse ao meu aluno João, competidor do Galitos (o melhor clube de Aveiro), que a piscina em peso estava a olhar para mim, que nadava mal, que não conseguia respirar, que foi uma vergonha, que saí 15 minutos mais cedo, porque sou fraquita e não estava a aguentar, o garoto respondeu-me com as palavras mais sábias que ouvi saídas da boca de um miúdo de 17 anos: Mané, NINGUÉM estava a olhar para ti.
E não. Muito provavelmente, quem está a fazer piscinas a sério (o oposto de mim), não tem tempo nem pachorra para olhar para os outros.
No dia seguinte, fiz 12 piscinas e, neste momento, faço 50 em 45 minutos (deixem-me já avisar que É ALTAMENTE PROVÁVEL eu enganar-me nas contas; fazer contas debaixo de água não é a mesma coisa do que somar no discernimento lógico e racional da luz seca do dia...).
Engulo 5 quilos de água pelo caminho (qualquer dia ainda me mandam a conta para casa), mas sinto-me feliz.
E o desporto deveria ser só isso, certo?