6 de outubro de 2020

os meus cinco minutos # 44

 É inquestionável que Os Maias encerram um pensamento e incitam a metafísica. Todavia, o seu objeto de reflexão não é mais do que o próprio Portugal enquanto personagem espectral que atua por detrás das personagens palpáveis. Trata-se de um país moribundo, irremediavelmente romântico e destinado ao falhanço, como a Geração dos Vencidos da Vida. E também é verdade que, na obra saramaguiana O Ano da Morte de Ricardo Reis, o protagonista é unicamente o ano de 1936. O heterónimo pseudopessoano é apenas um engodo, um pretexto para Saramago pôr o dedo na ferida de um Portugal doente que ele sabia de antemão que iria morrer. Se Reis morria ou não, parece-me que não é assim tão importante.





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