19 de julho de 2019

o raio da bicharada # 50

Olá! Olá!
Ninguém estava, certamente, a contar que eu viesse aqui falar de animais de estimação a esta altura do campeonato.
Muito menos eu.
Juro!
Era capaz de apostar o cu e 5 tostões que a bicharada cá de casa - 2 gatas e 2 cadelas, portanto - se manteria nas 3 cabeças.
Três.
Nem mais nem menos.
Aliás, se houvesse mais um elemento a acrescentar à família seria, no máximo, uma melga ou outra, que o verão não perdoa.
Certo?
Errado.
Isto é daquele tipo de coisas que contado ninguém acredita.
Pois bem.
O Nuno estava muito tranquilamente a conduzir e, de repente, desviou-se de qualquer coisa na estrada.
Por si, a situação já era caricata, uma vez que eu estava ao lado dele a olhar em frente e não havia rigorosamente nada no caminho.
Nisto, deu-se uma travagem brusca e o homem só disse que ia atropelando um pássaro.
Nestes momentos, a gente só pensa que um pássaro tem asas e voa e, daí  haver qualquer coisa suspeita na história.
Ia atropelando um pássaro tão lindo!
Ora bem, um pássaro lindo??!
De súbito, iniciou-se uma marcha-atrás algo atrevida e eu saí do carro um pouco às aranhas, à procura do dito bicharoco.
Como não vi nada na estrada, espreitei para lá do rail e dei de caras com uma criatura muito verde, cheeinha de penas, pousada num galho a olhar para mim.
Saltei o rail conforme pude (esqueçam lá os saltos atléticos e elegantes, porque os meus oscilaram mais entre o alçar uma perna e ai-que-me-vou-esbardalhar-ao-comprido) e vi-me a braços com um ror de ervas secas e picos.
Claro que senti a minha vidinha toda a andar para trás e não era para menos.
Imaginei logo a cena toda - o pássaro iria voar, contente da vida, saltitando pelo ramo fora e eu esbardalhar-me-ia ao comprido, de qualquer das formas.
Tentei agarrá-lo com as 2 mãos e... ele deixou.
Bem, haver um ser que se deixa apanhar por mim de forma plena e consciente já é difícil, agora... não oferecer resistência é inédito.
Acreditem.
Sei do que estou a falar.
Vai daí que encostei o passaroco ao peito e lá consegui saltar novamente o rail sem necessitar de fazer figuras (muito) tristes.
Entrámos no sapatinho-móbil e, como já estava com alguma secura depois de andar por ali a saltar o estafermo do rail que nem uma louca e a ter de me baixar para apanhar aquele palmo de gente, dei-lhe o nome mais óbvio que poderia existir - Martini.
Pronto.
O nome ficou.
Agora, temos um problema: o raio do bicho é de gancho e cismou que não quer estar dentro da bendita gaiola, nem que a vaca tussa.
O gajo quer é laró.
Não nos larga (a braguilha) os ombros, os braços, a cabeça e, basicamente, os dedinhos todos.
Para mal dos meus pecados, estou f@did@.


P. S. - tenho-me sentido mal comigo própria sempre que como frango de churrasco e chupo as pernas e as asinhas do galináceo com o gajo ali ao lado, desconfiado, a olhar para mim, de pescoço arregalado e os olhos semi-cerrados como lá os outros do filme Truth or dare, a julgar-me.
Digam-me.
Será que estou com macaquinhos no sótão?
Digam-me. 
Estou?

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